Existe correlação entre Selic, inflação e dólar?

A taxa básica de juros, a Selic, segue em patamar elevado em 2025: 14,75% ao ano. Apesar da desaceleração da inflação ao longo dos últimos trimestres, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa em níveis restritivos.
Essa escolha, no entanto, tem gerado debates sobre seus efeitos na atividade econômica, no crédito e no comportamento do câmbio.
Nesse contexto, a decisão de manter juros altos mesmo após a redução do IPCA está atrelada, segundo o Banco Central, à necessidade de manter a ancoragem das expectativas inflacionárias e preservar a credibilidade do regime de metas de inflação.
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A Selic ainda tem o mesmo impacto sobre a inflação?
A Selic é o principal instrumento para controlar a inflação no Brasil. Quando os juros sobem, o crédito encarece, o consumo desacelera e a demanda tende a diminuir, o que reduz a pressão sobre os preços.
Esse mecanismo, no entanto, não opera de forma imediata. Os efeitos monetários demoram entre seis e doze meses para se refletirem nos índices de preços.
Além disso, as causas da inflação nem sempre são sensíveis à política monetária. Choques de oferta, crises energéticas ou variações cambiais afetam os preços de forma independente da Selic.
Por isso, manter a taxa em níveis elevados pode ser uma medida preventiva, com foco mais em expectativas futuras do que na inflação corrente.
Juros altos ajudam realmente a segurar o dólar?
Existe uma correlação parcial entre Selic e dólar, especialmente em cenários de estabilidade institucional e previsibilidade fiscal. Juros mais altos atraem investimentos estrangeiros em renda fixa, o que aumenta a entrada de dólares no país, valoriza o real e reduz a cotação da moeda americana.
Porém, o câmbio é influenciado por uma série de variáveis além dos juros domésticos, como:
- Política monetária internacional, especialmente dos EUA;
- Percepção de risco fiscal;
- Expectativas sobre crescimento econômico;
- Fluxos comerciais e eventos geopolíticos.
Dessa forma, mesmo com a Selic em alta, o dólar pode continuar valorizado se houver incertezas nos cenários interno ou externo.
Manter a Selic elevada traz quais consequências para a economia?
Juros elevados por longos períodos têm impacto direto na atividade econômica. O crédito fica mais caro, o consumo tende a desacelerar e os investimentos produtivos são postergados.
Isso pode conter a inflação, mas também limita o crescimento do PIB e afeta o mercado de trabalho. Para o setor produtivo, especialmente pequenas e médias empresas, o custo do financiamento se torna um fator crítico. Para as famílias, o endividamento fica mais caro, pressionando o orçamento doméstico.
O equilíbrio entre controle inflacionário e estímulo à atividade é um dos maiores desafios da política monetária. Manter a Selic alta por precaução pode ser justificável, mas também exige atenção para não prolongar desnecessariamente um ambiente de baixo crescimento.
Quais fatores explicam o aumento da Selic para 14,75%?
A Selic atingiu um dos patamares mais altos dos últimos 20 anos e está relacionada a diversos fatores:
- Inflação de serviços ainda resistente;
- Expectativas inflacionárias acima da meta, mesmo com o IPCA em queda;
- Cenário fiscal desafiador, com dúvidas sobre o cumprimento das metas estabelecidas;
- Volatilidade internacional, com juros elevados nas maiores economias do mundo.
Além disso, o Banco Central tem buscado manter credibilidade e previsibilidade na condução da política monetária, especialmente diante de um ambiente macroeconômico ainda incerto.
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Conclusão
A correlação entre Selic, inflação e dólar existe, mas não é automática nem linear. Juros altos tendem a conter a inflação e atrair capital estrangeiro, o que favorece o câmbio. No entanto, o contexto fiscal, político e externo pode reforçar ou neutralizar esses efeitos.
Em 2025, a taxa Selic segue elevada não apenas como resposta à inflação passada, mas também como estratégia de controle das expectativas futuras.
A eficácia dessa abordagem dependerá do comportamento dos preços, da evolução das contas públicas e da confiança geral no ambiente macroeconômico.
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